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"Então a terra falava e a
anciã tomada pelo oculto anunciava nosso verdadeiro papel de curadoras,
tínhamos a missão de reconhecer-nos, de zelar e de religar a humanidade a sua
essência, mostrar a magia da matriarca, a deusa, a mãe bondosa e sofrida, a
virgem estuprada e negada, aquela que foi fatiada, violentada, intoxicada e
incompreendida, Terra:
—Abra os ouvidos! Deixe a
deusa viver, reconectar a ela e ela retribuirá com perfeição, harmonia
celestial, ciclo natural, nós não somos o todo somos parte. Irmãs atentasse
para a missão é chegada a hora de honrar a deusa e não mais fantasiar,
romantizar o ser bruxa. A deusa precisa de nós, ela roga, chamam suas filhas ao
tempo da verdade. Ser bruxa não é uma posição é um estado é zelar,
anunciar é estar sempre com os ouvidos abertos"...
fragmento do livro, A BRUXA DO PENHASCO, capítulo, O SOM DA TERRA.
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Capitania de Minas gerais, Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro
Preto, 1720
—Estou bem Ana, já sabe o que vai fazer.
coloca a senhora negra, de ancas largas, o papel
“embrulhadin” dentro das tranças nagô.
Divisa territorial, Capitania da baía de
todos santos
— Por Oduduwa, filho meu, como
está?
—
Pai malê! Que alívio chegar até aqui. Vim fazer minha feitura.
O negro dá uma gostosa gargalhada.
—
Um sinhozinho branco, deitando pro santo?
—
Sim meu pai, um branco com alma preta.
—
E a liberdade meu filho? Não se faz lutando?
—
Aprendeu mesmo, está usando minhas palavras.
—
Agora pra ser completo, só me falta ela, Helena, ela virá...
A negra
Ana, se fundi a escuridão, entra pelos fundos do palacete:
Esmurra a velha na porta da casinha dos criados:
—
Mãe Oxum cuide dele, durma irmã, descanse:
—
Não! Tenho uma carta pra sinhazinha Helena.
—
Mas o que quer josé? Ele bem sabe que casarei em breve.
—
Ah! José se essa carta não for um plano de fuga, não sei mais, não aceito
poemas.
Chora Helena, ao ler, sim era um plano:
— Minha virgem maria, me dê
forças.
Capitania Real do Rio de
Janeiro, Largo Rossio (Atual praça da Independência) - 1747
—Tem algo pra me contar
cigana?
— Seu
“muleque” seu pai te procura a dias.
A pergunta sai do fundo da alma:
A
cigana estende a mão, pedindo sua recompensa:
— Ela
te espera, diz a voz da atraente ciganinha, que corre feliz pela praça.
— Não vai descansar por aqui mesmo
senhor? Foi uma longa viagem.
— Por favor, Luiz, se já deu água
aos cavalos, vamos!
Quando a carruagem para em frente o
palacete da rua direita, a velha negra Ana, não acredita:
O vulto da mulher, vestida de luto, abre a
porta, eufórica:
— José? Não pode ser? Ana, será um
fantasma?
O silêncio se fez, nessas
entrelinhas, indescritíveis:
—
Podemos seguir o plano? Diz a voz do homem josé, mas parecendo o jovem de
outrora.
Helena abre um sorriso e recompõe
a pose em segundos:
Os curiosos, da rua, já
fofocavam, duas beatas passaram cochichando:
— Já
recebendo visitas, que mulher esquisita, ela não vai a igreja.
Divisa territorial, Capitania da baía
de todos santos
— Não
sei não, ela tem tudo na vida.
—
“cê” tem certeza disso, filho? E “cê” tinha tudo?
A
carruagem chega, na porteira do ilê.
A gorda velha negra Ana, desce,
acompanhada pela madura mulher, Helena:
— Meu
josé, meu amor, vamos viver nossa liberdade:
—
Entre minha, filha, meu “cazuá” é seu. Diz o ancião
A negra Ana, cantava e festejava:
—
Liberdade, liberdade ainda que tardia.
Capitania Real do Rio de Janeiro, Largo
Rossio (Atual praça da Independência) - 1747
—
Sarita minha filha, o que pensas?
—
Mama, penso na estória que vou contar essa noite na fogueira.