domingo, 22 de junho de 2025

LOUCA

Você é louca.
Você não sabe se enquadrar 
Você não sabe ganhar
Só sonhar ,sonhar...
Onde isso irá te levar?
Sinto o peso da pedra do Olimpo 
Deslocada
Desentendida 
Desabrochada
Na beira do porvir 
Não entendo.
Não consigo agir.
Engano meu ser na balança da injustiça.
Cigana esperta me diga como produzir o ouro?
Quero estar não quero ser.
Ser dói e amordaça.
Como ser sem dor?
Apenas estar.
Me dê um conselho cigana.
Para louca não ser.
Ou se ser, apenas estar na loucura e desfrutar.
Lá vai a louca a bater seu caixote pela rua!
Ela é feliz.
Não sabe o peso da moeda, nem o poder da palavra.
Ela apenas é feliz, como os pássaros a se regozijar.

ANTAGONISMO

As margens
Ao leu.
Na seca
No mar quero me jogar.
Sem sal e sem tempero.
Só peço um curry para celebrar.
Esse vazio e indecisão.
Me sinto nas abas do mundão.
No subsolo da dor onde a cigana dança e abençoa,
Respinga ouro de amor.
Poeira e mar.
Calor e frio.
Antagonismo sem sentindo; Que angústia!
A rebeldia faz gritar os coiotes famintos que habitam o escuro da manhã vazia.

AMADURECER


Já vivi paixões italianas.
E turcas ensolaradas.
Já conheci príncipes árabes e sábios egípcios
Sapos mentirosos.
E cada vez menos me apaixonei.
Ainda continuo a me apaixonar, só por você.
Querendo você em meus momentos de areia.
Que mundo esquisito esse, de amar e escrever.
Brincadeira de castelo a beira mar.
Beijada por ele ou destruída... o Mar.
Ainda hei de atravessar!
Paixão adolescente,longínqua e saudosista que tenho que deixar.
Jogar água no ferro pra ele se firmar.
Amadurecer com fruta no pé, pra saber em fim o que é amar.

SONHO DE AREIA

De quantas vidas somos feitos?
De quantas mortes , renascemos?
De quantos amores desfeitos em sutil alquimia 
Quantos mais criarei e arruinarei de um dia para outro?
Medo de amar, medo, medo.
De quantas possibilidades me despi.
Como consigo ser crente que tudo isso vale a pena ser sentido 
Quando tu tiveres coragem de me amar, de um sinal.
Que serei inteira para você.
Quero sua plenitude.
Em uma manhã preguiçosa.
Quero o simples ato de viver ao seu lado.
De quantas paixões fui autora?
De quantas dores merecidas, imaginei.
Imaginei e amei a ideia de ter com eles.
Confeso também criei e amei  o ser com você.
Mas nunca senti isso que não tem nome e os vãns chamam de sintonia.
Eu estou amando você.
E de tantos nãos e frustrações, constatações da realidade.
Eu sinto algo.
Sinto muito  por você.
Você não?
Não sente a brisa leve da paixão?
Eu só quero acreditar no toque que recebi, no olhar que penetrou, no abraço que alimentou.
Só quero te amar na miudezas.
Somente isso.
Sinta, permita.
Invasão, criação ilusão, quantas vezes amarei sozinha nos meus devaneios?
Quando aprender o doce poder de ser amada não precisarei mais viver sonhado.
O castelo de areia não força a onda o derrubar, ela apenas espera.



A AVENIDA

Nós dois na avenida do carnaval.
Éramos um, o palhaço e sua dor...
Entre as cores dos panos, o casal vai desfilando suas combinações pela avenida, noite quente, confetes e serpentinas.
Losangos vermelhos e dourados.
Tinta no rosto.
Purpurina.
Amores.
Éramos dois na avenida e éramos felizes.
Doce sonho de criança.

PROSA DOS VENTOS

E agora Zé?
A pergunta Ferrenha.
Que move os moinhos, os engenhos.
Do solo da mãe parideira.
Olha lá, o saci na peneira, levantou a poeira.
O redemoinho do diabinho.
Ah! Vó conga.
Nem a peneira segurou o danado.
Mas assim é, tem que ser, pelo Cristo redentor.
Ascende a candeia Zé.
Alumia lá a Candelária.
Nossos meninos, que sofrem, astúcia de saci.
Vai lá, corre a gira, sacode a poeira na encruza e mata a fome dos coitados.
Pelo povo do cruzeiro do sul.
Oh! Terra bendita e mal vista, 
Ainda escravizada.
Balança a figueira, nessa terra vermelha.
Pindorama.
Essa preta vos pedi, leva a Rosa e sacode as calungas.
Mata a fome desses camburecos.
Mas não tenho pataco, o que faço vó?
Jogo nos dados?
Abro o carteado?
Pois faça mironga homem! No fio da navalha.
Leve os ventos de Iansã,
Leves, tufões, rajadas.
Levante a poeira Zé.
Aruanda te festeja.
Corta demanda, leva o samba, tú que és bamba.
Filho oprimido, marginalizado, pedra bruta desse rio garanil, diamante, nosso malandro.
Levanta a capoeira.
Vai moleque, não te digo mais nada, já basta.
Vá, leva a Rosa contigo.
Toda prosa e poesia, toda formosa, sabe ela todos itãs do início ao fim. 
Só resta poeira cósmica. É o que somos.
Essa preta velha já falou tudo, agora firma o camatuê.
Vai moleque, gingando.
Pedi ago a Ogum.
Maleime a  babá oxalá.
Benção a sua mãe Iemanjá.
Avô benzeu, fechou seu corpo sete vezes na lua cheia.
Nenhum mal te sucederá.
A macaia Brasil te clama.
Levanta!
E sacode a poeira Zé.

Mineral

Nosso sangue é irrigado de minerais, somos feitos de
Água.
Barro.
Nossos ossos e DNA da poeira das estrelas
Nossos olhos de cristal.
Moldados de magia.
Vindos do parto primordial.
Seres galácticos honrando Gaia"

domingo, 15 de junho de 2025

O PALHAÇO E A CIGANA

A madruga vem vindo, rompendo os mistérios do mundo.
Trás  o  Alado Pegasus os segredos do palhaço.
O grisalho de seus cabelos refletem os contos plateados de outrora.
Pela estrada de pedra mineira.
Entre a neblina, ele o palhaço cansado vai...
Vai...ver o amanhã purpura nascer.
Desejo eu o palhaço.
Seu trejeito de ser, incomoda os capitães quadrados.
O palhaço só sabe ver o mundo em círculos.
O picadeiro, que pisca pisca as estrelas do céu em cima do caixote ele agora diz adeus a última delas.
O dia raiou.
E o palhaço não deixou de ser palhaço.
Sua sina é devanear.
O mundo precisa do palhaço, mas ele não precisa de absolutamente nada.
O palhaço não entende as horas vans.
Pensa, pensa, coloca a viola nas costa, ajeita o chapéu e vai embora.
Eu desejo o palhaço.
Ele ri mais chora, como eu a rumar minha vida para outra cidadela.
Lá vai cigana, rir e chorar de paixões por outro amanhecer.
A carroça vai girando e o beijo sonhado tintila na pulseira, lá vai ela chorando de desejo do ficar.
A flor cai dos cabelos ela não volta pra buscar.
Nem sabe ela que ali, esperando a caravana passar o palhaço também chora pegando ao chão a flor que a amada deixou derrubar.
Em um ato de esperança a beija imaginando o dia que a bela cigana irá voltar.

O QUINTAL

Escrever pelo simples ato de escrever , nada mais comum para começar um conto.
Nem sei ao certo se assim será, poderia escrever sobre o povo das estrelas e suas carroças que carregam o ouro.
Poderia escrever sobre a menina que andava de bicicleta e daquela outra que ia a pé na estrada de terra para escola, poderia de certo escrever sobre  o vento e a ira dos deuses, das maçãs de Avalon, da represa da cidade, do mar não visto.
Ou então sobre as muralhas da china, dos pesadelos com lobisomem, do giro do facão no ar, na flor de lótus que me transformei, do quarto rosa e do diario, da cidade inteirinha que cabia na oficina do pai.
Do beijo, da paixão, da vida planejada no plainer de 2017.
Ah, mas sabem! Nada quero contar nesse conto extasiante, tudo cabe em mim , existe uma Disney inteirinha na minha caixola e nas minhas recordações.
Do conto da ilha esmeralda aos batuques da umbanda ancestral nos círculos de pedra, ou as horas sem fim lendo a menina da ponte.
Dos lápis de cor a saia de prega e os jeans despojados de dois mil.
Dos navios e devoções, da dor e das frustrações, dos risos e dos circos, das estórias de fantoches ao trabalho árduo, que conto cabe em uma vida?
Do rock ao samba, dos vestidos floridos ao xales.
Então talvez aqui agora eu devesse revelar, a falta de foco para saber por onde começar me faça assim, isso e também aquilo, mais nada, sem começo e sem fim.
Da escrita rítmica a deslexia da palavra, de quantos cadernos de caligrafia lembro?
Do caminho até a venda da esquina, do leite comprado, da prata encontrada, dos shorts perdido.
Você está crescendo! Na novidade no lixo do banheiro.
Do anel roubado dos óculos quebrado, do casamento desfeito como o filtro dos sonhos.
Das dores imensuráveis dos monstros noturnos , do farfalhar do jambeiro.
Das brincadeiras embaixo da pitangueira, do beijo desejado naquele banco da praça, do fardo de açúcar escuro que meu avô podia comprar, da cardeneta, da lata de óleo, do cachimbo da dona parecidinha.
Ah! Agora nesse louco carrossel de mente eloquente e tecnológica, começo a me conectar e cada vez mais relaxar e a letra também, vai se espalhando,não sei se tal conto vai para a páginas da internet, não sei se a fotografia da minha mãe se mexia ou  se eu mexia com ela quando ria de suas meias brilhantes dos anos setenta.
Sonhava eu em virar mocinha e poder dormir de bobs no cabelo.
Relaxo e me vem a mente o quintal.
Ah! Quintal ancestral meu avô Antônio vem ali, já tratou das galinhas já rezou sua ladainha o que mais pode ele fazer naquela tarde vazia? Receber as netas e esperar a algazarra noturna:
- Tá na hora,  podem desligar a tv, vão dormir a noite vai ser fria, cobrem a cabeça porque vai giar.
Então as meninas só queriam estar e voltar para a época que seus pais eram crianças e dormir no quarto que era deles e espiar pela janelinha os fantasmas, as almas penadas que iam rezar na igrejinha, a mesma que badalou o sino e as menininhas tão, tão cansadas  já foram para o reino dos sonhos embaladas pelo cheiro da dama da noite. A avó vem benzer os corpinhos e vai dormir.
Silêncio; paz; eu poderia contar sobre o pano de chita sob a mesa, do chão vermelho e da famosa cortina de bambum que tintilava seu som como a chamar fadas, para mim ela era um portal que separava a realidade e casa dos avós, qualquer um que ali adentrava sabia disso, ia entrando atraídos pelo aroma do café, e quando passava por ela já não era o mundo todo lá fora era apenas a casa dos avós 
Eu poderia contar sobre isso, agora que minha mente se acalmou, estou lá e me lembro do balançar das pernas sentada na cadeira da cozinha, do biscoitinho e do andar vagaroso, da talha de água fresquinha, do sol na janela que dava para o quintal.
Ele, mágico quintal onde os seres naturais me contavam segredos do reino deles e me pediam para fazer travessuras, abrir a porta do galinheiro ou panhar o limão não maduro, só pra ouvir a avó dizer:
-  É coisa do saci.
Dávamos gargalhadas atrás da árvore, ela não nos via, ou fingia não ver?
Já não sei a letra está aberta e feia e já vai pra duas folhas essa recordações ,volto ao tempo, bem! Estou aqui e só me resta saudades, do tempo que não me importava com o tempo e os dias passavam rápidos como o giro da bailarina da caixinha de música, hora do jantar.
E mais nada , meu conto poderia ser, talvez seja mas creio que deva ser apenas lembranças.
Vou fazer mais isso, voltar a mim ao meu ser mágico, relaxada deitada no meu quintal mágico.


terça-feira, 3 de junho de 2025

OS PORTÕES DE MINA

Avistei Antália ...
Pra mim seria um sonho, mas se tornou real,tal qual as poeiras da Capadócia.
Bato no portão de Mina.
A grande cruz do Cristo, sob a égide do mar mediterrâneo o porto é nosso 
A pouco atravesi o monte tauro, quantas estórias os rios que correm para Síria e o Iraque tem para contar, desse povo mesopotâmico.
Quantas cerâmicas, quantas danças.os curdos e seus tambores e lenços e alegria 
Agora somente um filete de água, reflete o sangue derramado na terra.
Salve o tigre em eufrares.
A bandeira vermelha bailarina nas rajadas do vento milenar, despertam meu Dna.
Mas ela está lá erguida ainda em muralha.
Turquia, Constantinopla.
Um nome que muito escrevi em meus cadernos de adolescente 
O Gracie mediterrâneo, me traz de volta ao portão.
Me delícia rei daqui a pouco com seus peixes e temperos.
O doce da terra prometida.
Damascos que eles chamam de Camar.
É óbvio que andarei por fora das muralhas e ouvirei os sons dos otomanos.
O céu é pra todos.
A magia do incenso nos une, passo sobre as mesquitas, finjo-me cigana e ninguém irá incomodar.
Ah! Cheiro abençoado da morra, me recordo terras longínquas.
Em meu sonho real de Turquia.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

NADA

Nesse mar de tudo eu sou
O serei e o será
Não me alcançam.
Descido só ser.
Ser tudo nesse nada.
No balanço da rede a vida se faz, não precisamos fazer ela já é.
Não estou de papo pro ar,faço, mas não faço, entendem?
O vazio do pensar é o segredo, mas se penso não sou, se sou não preciso pensar.
Ah, isso tá difícil de explicar.
Silêncio.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

O SORRISO

Nada mais belo que o sorriso, criação humana expressão da anima.
De quantos mais poemas serei feita?
De quantos mais: se acalme! Serei moldada
Volto a mim, ao centro, busco o eu superior.
Liberto-me.
Procuro proposito?
Ele sou eu e já é.
Já está!
Sorri, garota!
Apenas siga, seja, leve, sempre, sua.
Sou minha e de mais ninguém, pertenço-me.
Sou, sorriso.
Nem passado nem futuro, realidade,presente.
Não lua, não sol, sou terra.
Gaia pulsa em mim.
A força da deusa sou eu.
Sorrioso.
Nasceu do ventre a criação.
Não pensar, vazio, o tudo no nada...
Escutasse o sorriso da elevação.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

CAVALO BRANCO

As cartas do tarô dissem.
O baralho desembaralhar a vida.
A rosa trouxe você pra mim.
Vejo você anotando no caderno 
Datas? Números? Intuições?
Mensagens da natureza.
Adentra sua psique.
Faz mironga no coração.
Ativa o santo ori.
Lá do oriente.
Vem chegando o cavaleiro.
O príncipe no seu cavalo branco.
Mas nessa fatídica noite ele se banha de lama e sangue.
Ante o penhasco ele se assusta
Chuva forte, nunca vi igual.
O vento presságia a chegada real.
Orgulho quebrado, como a coluna soberana,soberba mistura com o cheiro da inflexível armadura.
Quase não posso narrar não vejo, apenas o levanto, vou arrastando, retiro o peso, deixo o leve para seguir até a casa.
A casa da bruxa.
Banho.
Ainda desmaiado, consigo com esforço coloca-lo no leito.
Água.
Cuidados, choros, amores 
Atravessou o mar, deixou o ouro.
Encontrou a liberdade.
Onde a cabeça reina as pernas alcançam.
Desfruta a vida com a bruxa.
Outro dia, o cavalo retorna.
A vida continua.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

histeria

Bálsamo, remédio curador.
Tomo doses de escrita, pra compor minha anti dor.
Tento me curar 
Vou á lama desse ser, tão profundo, tão impertinente, me perguntou porque da criação.
Escolhas que nós fazem estar onde não queremos estar.
Mas se não fosse para estarmos onde estamos onde fica o livre pensar.
No penar do determinismo.
Sou um ser errante, que poucos gostam, me chamaram de louca, me sinto um Dom Quixote de la Mancha em seu delírio paranóico.
E os que gostam faço não gostar, precisava de sangrar com o aparato de Mesmer.
Muito sangue pra rolar até se acalmar.
Tinge as vestes l' crema.
O sol francês queima.
Lá vou eu revisitar.
Não quero essa onda, prefiro sofrer aqui.
Imóvel...insiste, o cheiro do sangue chega às narinas.
Não consigo, vejo toda cena histérica.
Sinto a força das vestes e o chaqualhão da carruagem:
_ Ela não tem mais jeito, nem a sangria resolve.
_Silêncio, vai acordar os vizinhos, basta os gritos abafados. Se deixarmos nos ver o dr nos mata.
_ Ela adormeceu? Linda senhoria, deveria estar a bordar enxoval,porque deus?


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

SENTIR AMOR

Eu quero escrever.
Mas a máxima do amor não deixa.
Esse tal de querer palpitar o amor.
Faz de nós poetas uns tolos, loucos, soberanos.
Eu quero escrever.
Pelo simples ato de construir sentir.
Mas o desejo de expressar amor perturba as horas vans.
Sublime a experiência de amar.
Poder viver a boêmia, no boteco da esquina e ver a lua nascer, expresiva e mágica.
Como amamos a lua, como amamos o sol.
Como amamos o momento de partilha.
Transbordar amor é sobre isso que quero escrever.
Bobagem a minha! É sobre isso que quero sentir.