sábado, 27 de julho de 2024

amar e sofrer

Ainda a usar a escrita como remédio.
As formas de amar.
As formas de sofrer
De que vale a vida sem ambos?
Impossível prever.
Nem nas cartas da cigana.
O óbvio dessa antologia.
Sujeitos a amar, sujeitos a sofrer.
Mas no fim o que sobra?
É o que alimentamos, o que nós sacia é o que plantamos, somos agricultores natos desse sentir insano.
E por mais que queiramos pular estações e bular leis terrenas... Não adianta termos que passar por todas provações do plantar amor.
Ora sol, ora chuva, tempestades e momentos propícios.
Na agriculta da vida, o que vale é o que nós alimenta.
É o que alimentamos.
É nutrir sagrado do entender o que queremos o que é bom ameno e suficiente ,produtivo a nossa terra.
Pobre coração humano.
Brinca ainda na infância, sem saber da potência de ser humano.
Correm da dor, mas não sabem que ela é ferramenta que labuta a terra e sem ela, não á o doce de nenhuma fruta.
Não estamos determiados a sofrer, entendam!
Estamos fadados a amar.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Alimentar

O que sobra é aquilo que alimenta.
O que nós alimenta é também nossa sina.
Bendita, santa, profana.
O laço que tú queres, alimentar.
É o seio farto da mãe do mar.
É o seio murcho da imigrante a gritar.
Joguem ao mar!
De angústia se faz, terra á vista!
Vida silenciada.
Boêmia, sofrida.
Barganha.
Para que? Alimentar.
Terra feita de América.
Sonho vendido, iludida.
Café, leite e polenta.
Cortiço, casarão, solar.
Banco, praça.
Suspirar.
"Ore pro nobis" na capela à brilhar.
O que sobra? É a busca
Do alimentar.

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Sentir a Cor

O sono invade, depois do bom chá, mas a vontade de escrever ainda me faz ir além.
Não tenho mais você, nem mesmo a estória a se criar.
Nada faz sentindo, nada mais me apetece 
Nem a cor nem a folha que cai, não modulo nesse mundo.
A magia poderia me levar.
Mas não sei pra onde.
Talvez para o meu quarto adolescente, talvez para o reino das fadas.
A espera do portal estou, aquele que abre em mim a cada milênio como a flor de lótus do imperador.
Nem o roxinol canta.
Não há alegria que aprisiona a beleza.
Não há espelho mágico que mate o simplório e bom.
Nada me apetece, nem brilho nem fuligem.
Tudo parece enganador.
Talvez eu volte a desvendar mistérios de Agatha Cristian.
Talvez eu volte a colorir as bordas do meu caderno.
Talvez eu volte a sentar em bancos.
Talvez eu volte a sentir a cor.
Mas agora sem você.
Porque a cor que tu via não era a mesma que eu sentia.
Sei que não entendeu.
Mas eu só queria estar com você a beira do penhasco, em uma choupana europeia e você fosse colher lenha para a ladeira.
Eu só queria sentir a cor da nossa cumplicidade envelhecida nas nossas mãos entrelaçadas.
E rir de tudo com o mesmo tom adolescente no qual sentavamos no sofá, para deliciarmos com chocolate.
Mas talvez eu entenda ... A cor que a vida ainda pode ter, agora sem você.
E eu só queria sua boca em mim eu só queria seu olhar me zelando e suas mãos construindo.
Vou ascender a lareira que ainda não foi construída e...sentir a cor de estar só.
Criar algo e me sentir, antes que pensamentos ágeis roubem o sono que agora chegou.