segunda-feira, 21 de julho de 2025

Dionísio

"Bom mesmo que não venha Dionísio".
A mente acelerada o coração fadigado de ilusões.
Criações do consciente reprimindo desejos que soam primaveris.
Posso dizer que te amo e que viveu nos instantes de areia.
Foi tão bela nossa quadra ritimada nosso poema com cor.
Somos lembranças e devaneios.
E um êxtase do amanhã.
Entre os varais que balançam nas tsaras, o primeiro beijo.
Entrelinhas não se apagam, não se esquecem.
Elas são o que são, assim como eu, Cigana sob o sol.
Palavras...
Foram profeçada, foram falada, foram ungidas, foram sentidas.
Mais não consentidas.
Reprimidas, engolidas, desabraçadas.
Então...bom mesmo que não venhas.
Mas se vier, traga a bilha fazia.
Abastecerei novamente com amor de borboletas.
Não peço muito só que dance comigo e reriva o vento que tocava nossos cabelos.
Doce criação a minha!
Eu sei que Dionísio não existe.

terça-feira, 15 de julho de 2025

MEU DIÁRIO

Voltar ao diário.
Como sempre lhe chamei.
Não negar a linha.
Pois sem ela não faz crochê.
Mais sei também que não sou só o suéter.
Sou aquele amaranhado chato, o nó, o caos.
Professorinha do meu avô analfabeto.
Sou ritual.
Sou mineira.
Mística, louca, mãe.
Incompreendida, desbocada.
Irônica, orgulhosa.
Soberba.
Para os patrões "vade mecum".
Meu corpo em olhares, só o corpo; erotizada.
Entendi o não amar.
Iludida, sonhadora, apaixonada, dilacerada, comida, mastigada, renasci...
Para os lobos.
Já fui amada? 
Já fui poema.
Já fui adolescente achadista.
Já achei que fui amada, já achei que fui desejada.
Já fui milagre, heróina.
Sou bruxa e melhor mãe do mundo para uma menina que ainda acredita que os brinquedos tem vida.
Que pede pra jogar o pó mágico pra ela dormir.
Já falei com árvores e duendes em meu quintal encantado,por isso a aceito.
Já gritei, me calei, chorei, emocionei.
Intensa, emotiva demais.
Mulher demais, orgulhosa demais.
Ah! Já fui esquisita.
Quem já foi chamada assim?
Esquisita.
Palavra soa bem, eu ri.
Agradeçi; por ser esquisita.
Sedutora, exótica, bonita.
Foge aos padrões.
Ao mesmo tempo esteriótipada, porque causa incomodo. Louca!
Claro! Sou cigana, andante, novamente bruxa!
E novamente, novamente, novamente!
Artista, poeta, escritora.
Coitada! Precisa de ajuda.
Ironia, pago minhas contas.
Agora entendo o poder do diário.
Empodero-me de mim, entendo, devo ser tudo isso, aos olhares daqueles que não me vêem.
Eu me vejo, no espelho mágico e sou nem bem nem mal.
Sou mulher, promovi caos, crio, pari o mundo.
Água que fecunda a terra.
Triskele eterno.
Eu sou.


domingo, 13 de julho de 2025

AMOR VERMELHO

Todo de vermelho.
O violeiro, o rebelde, o artista ,o palhaço do meu coração.
Como queria que fosse fácil.
O vento acaricia sua camisa aberta.
Invejo-o.

Engraçado seria se eu não fosse uma cigana amante dos ventos, talvez eu o encante para toca-lo.

Como gostaria que fosse bom nos perder nas maravilhas dessa música.
Ah! palhaço, não me deixe solta assim!

Me aperta, me segura, me cheire, me goze.
Quero brasa em  seus lábios,  quero brisa em seus cabelos.
Oh querência maldita!
Pão orfertado...
Não!
Pão roubado pelos  saltimbancos na praça.
Eu quero ele
Ele quer só a lua.

Queria esse olhar de vislumbre, curiosidade e desejo.Mas não são meus, são dela.
Amor de devoção, mas não!
Abrimos outro livro.
Contamos outro conto fantástico, sob a tenda e o luar, beijamos;
Talvez?
Oh! Querência maldita.

Sei que a música não terá respostas.
Subentendido esse amor vermelho vai se compondo.



INFINITO E PRESENÇA

Será que posso pensar em ti?
As horas se vão.
A kunpania cigana também

Vai igual serpente pela estrada a fora.
Será que posso pensar em ti?
O gosto ainda está em mim.
O cheiro permanece.
Animais que somos, almas gêmeas que nos tornamos na noite passada.
Já sangra a saudade,dilacera o olhar como aqueles  mesquinhos que recebemos

Mas eu só penso em ti.
E isso aquieta meu coração.
A música já se inicia.
O sol nasce vermelho o orvalho na grama e as estrelas na barra da saia.
O afago de suas mãos em meus cabelos.
O riso, a lida, a dúvida.
A incerteza do pão.
A convicção na arte.
Vamos cigana, vamos agrupar, comerá da nossa comida, beberá de nossa água.
Meu ouro é seu, meu coração lhe pertence.
De ti cigana não quero nada, quero tudo, quero seus olhos e se eles eu tiveres terei o infinito de possibilidades.
De ti palhaço quero só o beijo, se assim tiveres terei o instante de presença.
O dia começa... E eu só penso em ti.

VOU-ME COM VOCÊ

Eu quero um beijo, palhaço!
De pés descanso, de boca sedenta.
O carmim na boca e as pulseiras a tintilar.
Os sonhos do tamanho da kunpania.
A cigana apaixonada, pela alma do circo
Deseja ficar.
Amanhã já será lembrança.
Posso dançar?
As castanholas acompanham o banjo.
Os olhares se inflamam.
Deixo meu povo, rumo mais tú.
Bebamos do vinho, façamos uma música.
O espetáculo irá começar.
Cigana Andaluzia irá revelar.
Deixei-me palhaço deitar mais tú, depois que as luzes apagarem.
Ascendemos os achortes.
Deixe-me palhaço, retirar a pintura.
E ficar em silêncio mais tú, na nossa madrugada de poesia.
Nas linhas da mão te contemplar, ler sua melancolia. Rezar sua sorte.
Costurar sua sina na colcha de retalho cumprice do riso primeiro na fogueira circense.
Não sei o que sente palhaço e Gitana.
Só sei que é bonito de ser vê.
Sentem Lembranças, acolhem dores.
Aceitam -se.
Como o ar consete os acordes do amor ancestral.