terça-feira, 15 de julho de 2025

MEU DIÁRIO

Voltar ao diário.
Como sempre lhe chamei.
Não negar a linha.
Pois sem ela não faz crochê.
Mais sei também que não sou só o suéter.
Sou aquele amaranhado chato, o nó, o caos.
Professorinha do meu avô analfabeto.
Sou ritual.
Sou mineira.
Mística, louca, mãe.
Incompreendida, desbocada.
Irônica, orgulhosa.
Soberba.
Para os patrões "vade mecum".
Meu corpo em olhares, só o corpo; erotizada.
Entendi o não amar.
Iludida, sonhadora, apaixonada, dilacerada, comida, mastigada, renasci...
Para os lobos.
Já fui amada? 
Já fui poema.
Já fui adolescente achadista.
Já achei que fui amada, já achei que fui desejada.
Já fui milagre, heróina.
Sou bruxa e melhor mãe do mundo para uma menina que ainda acredita que os brinquedos tem vida.
Que pede pra jogar o pó mágico pra ela dormir.
Já falei com árvores e duendes em meu quintal encantado,por isso a aceito.
Já gritei, me calei, chorei, emocionei.
Intensa, emotiva demais.
Mulher demais, orgulhosa demais.
Ah! Já fui esquisita.
Quem já foi chamada assim?
Esquisita.
Palavra soa bem, eu ri.
Agradeçi; por ser esquisita.
Sedutora, exótica, bonita.
Foge aos padrões.
Ao mesmo tempo esteriótipada, porque causa incomodo. Louca!
Claro! Sou cigana, andante, novamente bruxa!
E novamente, novamente, novamente!
Artista, poeta, escritora.
Coitada! Precisa de ajuda.
Ironia, pago minhas contas.
Agora entendo o poder do diário.
Empodero-me de mim, entendo, devo ser tudo isso, aos olhares daqueles que não me vêem.
Eu me vejo, no espelho mágico e sou nem bem nem mal.
Sou mulher, promovi caos, crio, pari o mundo.
Água que fecunda a terra.
Triskele eterno.
Eu sou.


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