quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A Sagrada



Não sou sagrada
Sou profana.
Sou sagrada
Não sou profana.
Sou bruxa.
Sou magia.
Sou o que os outro não querem ver.
Sou o movimento do triskel.
Sou a chama da vida.
Sou o sopro do oráculo.
Sou a maçã envenenada
Sou a santa e a prostituta.
Sou o fio de cabelo de Madalena.
Sou o perfume do azeite.
Sou sagrada para os que desejam.
Sou profana para os que me odeiam
Eu sou a sagrada fonte do profano humano que faz descer os anjos e os 
exércitos e se tornarem terrestres.
Na cama quente de Midgard.
No cerne da mãe sagrada á profanam para serem mágicos, serem luzes na terra 
escura.
Brilha o olhar do anjo.
Brilha o profano no sexo sagrado.
Dá uma lambida no seio farto de Danu.
Eis que somos humanos e gozamos da sagrada profanação de viver.
Sou Exu
Mas também sou pombogira
Sou o Molejo da pele colorida.
Sou o meio da encruza de oxoroque.
Sou a maldição bendita de oxoronga
Que desliza piamente nas asas de Pegasus.
Sou a perfeição do ying e yang, escondido nos pirineus taoistas.
E nas platacões de arroz da antiga china que zelam os segredos do zoroastrismo.
Sou a costela de Adão?
Sou o grito do alcorão.
Sou o fio da navalha, escondia do malandro.
Sou o rabo da serpente na constelação escondida.
Sou a cor do olho de horus
Sou a ira de set.
Sou o guardião da calunga.
Sou a vela que ascende na oração zelosa da mãe.
Sou a água que jorrou das lágrimas mimadas de oxum.
Sou o desejo do inefável.
Sou a dor do abismo dos aflitos.
Sou a coroa de espinhos.
Sou o colo quente das cambindas.
Sou o ouro de Salomão que reluz sabedoria perdida.
Sou o vento no deserto que busca o segredo do alquimista.
Sou a árvore da vida, a cabala, a cabaça, o útero, o graal.
Sou a raiz de do Ogman.
O opaxorô de oxalufã.
A armadura do guerreiro da estrela guia.
Sou o arco-íris de Oxumarê depois da chuva de nanã 
As runas que sussurram o sagrado buzios na peneira de orumilá.
Sou as mãos da benzedeira, a cruzar três vezes meu corpo na Bahia de todos.
Sou o suor da criança e a fome de caltutá que grita no ouvido do muro de 
Jerusalém.
Sou a eterna guerra fria, nos corações quentes dos coronéis de vários templos 
e tempos.
Sou o baralho puido da cigana que canta os desamores dos poetas boêmios.
E dizem adeus de suas caroças e levantam a poeira da ilusão.
Sou a sibila embriagada no templo de pítia.
Sou o orvalho de bhá que resoa na radiônica.
Frequência cósmica da criação do pensar.
Eu sou e por ser eu não sou, na espuma quântica do bailar da magia.
Eu nunca serei e sempre fui a geometria sagrada.
Eu sou o santíssimo perdido com a arca da aliança.
Sou as apetitosas maças de Avalon engolidas pelas brumas.
 Eu sou as diversas formas do amor e da vida.
Sou o esperma campeão coroado com louros gregos da vitória infâmia, sou a 
regeneração, a evolução hipócrita de Darvin.
Eu sou a diversa forma do querer facetado da ordem.
Sou a justiça no tribunal de xangô na tribuna de netuno, o atalho entre os 
sete mares.
Sou a porta que se abre nos plantões dos hopisitais brancos. E sem pulso.
Sou a liberdade básica das favelas, cortiços e guetos que fazem cultura na 
contra cultura de ser.
O "che" invisível o índio banido.
Sou as sete linhas sagradas da umbanda a fazerem estórias no solo 
preconceituoso.
Sou o cangaço rebelde que vive no cerne.
Sou Mandela e a paz conquistada?
Porque eu sou o caos e a serenidade.
Eu sou a sagrada.
Eu sou a profana.
Entre o sagrado e o profano eu sou a diversidade chamada humano.

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