sábado, 23 de dezembro de 2023

Ossos da Carroça


Que lugar nos pertence?
Será o ventre materno? Ou o baluarte?
Seguir sem morada, sem espaço e sem pertence.
Será o pertence a arca da aliança?
Onde Salomão esqueceste o seu povo.
Ah!!! 
Alma cigana
Grito, corro, e ainda estou aqui.
O lugar que me pertence.
Essa cripta fédida.
Corte a cabeça, ou corte suas arestas, ela deve caber.
Como os pequeninos pés chineses que se ferem em lótus por amor.
Que lugar me pertence?
A alma errante, a loba famita, a mulher que canta sob os ossos a feiticeira que  agora a vida, a maldição nunca que esquecida.
E o que sobra do podre sarcófago?
São eles os ossos, que te impulsionam e fazem andar, são eles os ossos, que vão batendo suas verdades na carroça 
A caravana continua e a cigana vai ao longe mas ainda escuto seus pensamentos...
Que lugar me pertence?
Que lugar me pertence.
Serra que o morro que uiva? será o mar que silencia?
Será o chão? ou a lua?
 me basta apenas a roda que gira, range e em outra cidadela chega,
Lá vem eles, eles chegaram! 
Fecham as portas e as cortinas.
O que sobra?
Os ossos.
Vai denovo a perguntar...
Que lugar me pertence?
Pelo giro do japamala, pela dança do eteno triskel
Eu não pertenço a lugar nenhum.
E nenhum lugar vem algum dia a me pertencer.
Pq eu sou a que dança a que canta a que silencia e faz ossos sacudirem.
A vida sim me pertence tal qual a morte.
Então que lugar me pertence?
Na forma da não forma, como deter o éter sagrado.
Profana as estrelas rompe o chão de cabo a rabo.
Solte, a cigana.
Ela mesma amontoa seus ossos, ela mesma cuida de seus maldisseres.
Quem entende? Entenderá!
O perfume da Alma errante chega antes em outro canto, se espalhar por ambição e sucumbe no bracelete a "trintrilar" qual espaço aconchegará a magia?
Nas assas de oxorongá vai a maldita.
Pobre cigana um dia entenderá...
Não terá desassossego maior na vida que a morte, ela entenderá, que lugar nenhum a pertence e nem ela a lugar algum, porque a roda da caroça continuará a girar, levantando os mortos matando os vivos, roubando as crianças.
Quem entende? Entenderá!
Minha magia não cabe aqui, então nada cabe no lugar.
Não pertenço a ele porque ele não entende minha magia 
Vai ,vai cigana, leva seu lamento pela madrugada.
Que lugar me pertence? Grita a voz  do silêncio que não chega mais até mim.
Deixa uma flor cair do cabelo, corro pra apanhar.
Não se vá cigana
Claro que vou moleque, quem sabe um dia eu volto cá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário