Não sei muito bem onde essa estória vai nos levar, mas quero conta -la, realmente nem sei se devemos ir a algum lugar.
Gosto de ser assim e viver assim pensamento soltos que tento capturar em folhas.
Então vamos lá...
A cidadela do interior, típica ruída de um apogeu da década de oitenta a usina de cana de açúcar falida, respira hipocrisia e um falso saudosismo.
A cidadela tem uma nuvem negra em cima dela, os sensitivos a vê, energia pesada, não sabem ao certo se de fato foram os crimes cometidos ou se a mente da população a cria.
Morbidez misturado com fé não raciocinada, faz da cidadela um lugar pacato até de mais, o silêncio é rompido, mais uma nota de falecimento anunciado no microfone da igreja matriz.
Mais um católico ,mais um sino a badalar, mais uma alma em julgamento, mais um defunto pro cemitério.
Que aliás fica a beira da lagoa, será que as almas curtem um nado relaxante na bela represa?
Não sei , a cidadela é assim entre a praça central, comum de coreto e fonte, arquitetura portuguesa herdada, as fofocas em cada esquina, casos extra conjugais e sobre o novo dono boca de fumo, quem controla e quem fica por baixo, de coronelismo, de escravização e santidade demais.
A cidadela é assim, em meio a toda essa nuvem negra de fim de mundo, a bruxa cozinha seu frango para o almoço.
Nos detemos na bruxa por favor! não no frango, coitado que esse já foi pra panela.
Aguardo vocês nas próximas cenas desse causo.
Até.
A Bruxa
A bruxa era pré adolescente.
A bruxa não era ainda a bruxa.
A bruxa foi se descobrindo junto aos mistérios da cidadela.
A vontade fez a bruxa.
A menina sabia que algo de errado havia, será que só ela sabia?
Todos agiam com naturalidade.
Natural algo que ela ainda buscava ser
Naquele tempo de autenticidade
E de fazer tudo pelo reconhecimento do outro.
Quando de repente ,rompemos resolvermos ser nós, aí nós tornamos reconhecidos.
Mas a bruxa, coitada ia pra escola, se apaixonava constantemente e não era correspondida, era quieta e clichê, era previsível.
E isso a incomodava ao extremo, queria ser ser misteriosa, irresoluta uma incógnita para aqueles que a olhavam.
Por isso ela voltava pra casa a suspirar por um príncipe, que ela vai saber não existir, mas ainda sim ela persistirá nesses amores platônicos.
Por isso ela volta pra casa com a pulga atrás da orelha.
Ou existe algo em mim ou nessa cidade.
Prefiro acreditar que á algo de errado na cidade e nessas pessoas esquisitas.
Como podem não ver o meu mistério e meu ser bruxa?
Será que preciso de fato de um chapéu pontudo?
Já sei! Vou investigar.
O círculo Mágico
Susana, a bruxa em formação.
Resolveu então ser.
Para mistérios desvendar.
Toda cidade os tem?
Correto?
Uma mulher de branco, um lobisomem, um corpo seco, assassinatos que mancham paredes de igrejas, abortos enterrados.
Almas que não encontram a paz.
Folclore mistura com Poltergeist, extraterrestres e seres da natureza incompreendidos.
Por qual começo? Pergunta a bruxa.
Abre o círculo mágico
E de círculo em círculo ela vai podando suas arestas, como a cultivar um exuberante Bonsai.
Pedras de cachoeira fechando o perímetro,cristais ao meio, incenso de lavanda e uma vela branca,pra ajudar na concentração era o que tinha, nada de oh! Vejam o círculo da bruxa, mas era de fato lindo,prático e simples.
Qual escolho pergunta Susana?
Ah espera ! Sai do círculo ,tenho que anotar então pega o caderno novo e o lápis do ano passado, já quebrado.
Pronto! Volta ao círculo.
Já sei, vou começar pelo tal corpo seco.
O corpo seco a fascinava e dava medo desde criança, ela morou perto da dita árvore onde o corpo seco aparecia.
Então é isso começarei pelo meu maior medo...um enforcado.
Se concentra e não estava mais no círculo, desdobra-se no tempo, ou no não tempo, adentra a malha quântica e viaja na consciência que não tem morada, a dimensão sem dimensão, adentra o buraco negro dela, adentra o mistério, terreno confortável e produtivo das bruxas.
O Corpo Seco
Há muita sabedoria popular nesse conto.
Dizem que ele fica lá ,o espírito sabe!
Preso na árvore, uns dizem que se fundem a própria ,outros que ele fica lá enforcado.
E ocasiona não uma dor, mas um lamento eterno, ele se sente bem lá, fica porque quer ser lembrado, não tem ódio ou quer vingança, simplesmente quer atormentar com sua ilustre presença.
Consequências?
Uma seca miserável na cidade.
Ah isso aqui existe, dizem:
A chuva tá alí,o ali de mineiro.
Rodeia,rodeia e nada dela vir.
Já é culpa do corpo seco.
E pelo contrário não seca a árvore,ela fica é frondosa.
Quando tem algum velho na cidade que tá demorando pra bater as botas, dizem também:
Tá louco? Já tá passando da hora de ir, ou vai queree virar corpo seco?
Evidências para Suzana, que senta no banco da praça com seu caderno novo e o lápis quebrado, ela o roem mais ainda.
Senta-se em frente a paineira exuberante, centenária.
A paineira onde tudo começou, a cidade antes era fazenda e lá estava ela, a cidade foi se formando ao redor?
Quem plantou?
Será, Antônio Rodrigues de Figueiredo?
O dono desse punhado aqui de terra, será ele o tal corpo seco?
Não tem como não lembrar do furacão de 19 de maio de 1877, reza a lenda que até às galinhas voaram.
Que por sinal chama isso a atenção da bruxa.
Eita terra pra ter ventos misteriosos, foi o primeiro relatado, mas teve outros e será que teve antes e virão mais? Será que tais ventos fortes tem relação com o corpo seco?
Maldição?
Por conta disso construi-se uma igrejinha a Nossa Senhora Aparecida, as terras foram divididas a cerca de se formar um arraial, Mas e árvore?
Será que sobreviveu pequenina ao furacão? Ou foi plantada por título de firmeza? Porque só árvores grandes sobreviveriam a mais outro daqueles?
Ah! e não podia faltar um padre, bem forte também, daqueles que expulsam demônios e ventos forte como aquele.
A bruxa não estava mais ali, viajava nos fatos surfava no éter mágico, entre as lembranças do registro Akáshicos, rodando o lápis ela visualiza, já não é evidência ou história, são os fatos...e os fatos esses sim interessam a bruxa.
O padre gordinho e simpático,vai até a árvore, rezando o terço ele o leva para céu.
O mago padre faz seu decreto:
Corpo do vento
Corpo da fúria
Aprisiono você até que vire brisa
Abrande, ou o tempo brandará.
Desce as mãos e com elas desses o vento mais forte que já pude presenciar.
Feito a padre faz o nome do pai em sí e na árvores a paineira como a sentir um grande arrepio acomoda o princípio.
Mais três voltas e pronto a magia de retenção foi feita.
Susana volta a sí.
Compreende. Vai até o pé da paineira, escuta a promessa:
Me tire daqui!
Grita o vento que não tem corpo.
Sofrimento nescessário, mas é hora de libertação.
A bruxa toca a paineira:
Eu te liberto.
O vento sai zunindo forma sua potência e dissolve.
Vai a chuva fina.
A jovem chega em casa ensopada, pois a chuva a engana e molha mais do que esperado.
A bruxa sorri para o espelho.
Pensa: conter elementos é um nível bem adiantado da magia, entende a excessão a regra para tal não virar magia negativa, pensa mais um pouco, então em que nível estou? Libertação! Será qual é mais fácil aprisionar ou liberar? Bem!!! Primeiro caso resolvido e é isso que importa.
O corpo seco foi embora, entendeu sua potência, entendeu seu caminho.
A jovem de branco
Susana arruma a bolsa
Prende os longos cabelos escorridos sem graça.
A vizinhança já está a falar.
Parte para a pequena jornada,atravessar a cidadela, até a casa da amiga.
Amiga essa bem desajustada também, só um ser assim poderia querer a amizade também desajustada de Susana.
E que bruxa não tem uma amiga nerd?
Carla abre a porta.
Susana joga a mochila no chão do quarto limpíssimo e sente asco.
Credo que quarto mais quadrado.
Lógico, responde Carla é uma quarto, quatro paredes.
Não foi isso que quiz disser, esquece!
Susana não falará sua intenção para a amiga, que aquela noite seria longa e que de fato ela não iria dormir.
Era tudo pela investigação, ela até aceitaria passar uma noite na casa da amiga, para ela essa frase era tão comum que continuava a dar asco na bruxa.
Poderíamos assistir um filme mais tarde, minha mãe chega daqui a pouco, ela deixo sanduíche pronto pra gente.
Pipoca? Podemos fazer uma pipoca, já que estava lá Susana resolve sentir o que seria ser e ter uma amiga.
até que não seria ruim, eu poderia jogar um feitiço nela para que ela sinta sono e durma bem pesado, para que eu realize minha investigação.
Dito e feito, Susana joga intenção na pipoca e pronto, dorme a garota no sofá, a mãe arruma as camas e Carla deita desmontada na cama, Susana no colchão ao chão, pronto a mãe apaga as luzes.
Susana se levanta.
Vai até a escrivaninha do quarto, pega a cadeira, passo a passo, coloca em fresta a janela, que dá pra rua, abre uma fresta, respirando para não fazer nenhum barulho e espera a mulher de branco passar.
O quarto de Carla era muito estratégico pra a bruxa, bem de frente para a avenida que ligava a cidadela a antiga usina de cana de açúcar falida, e essa é outro causo que iremos discorrer pela frente.
Em exatos vinte minutos, a postergast tem que passar.
Aguarda a bruxa na janela.
Dito e feito lá vem ela deslizando, flutuando avenida afora em linha reta em sua dor e lamúrias, passa de frente a janela mas nem nota os olhares da garota.
Na verdade não nota nada, como se fosse um pingo de letra no local errado, o lugar não a pertence, mas ela teima em pertencer aquele lugar.
Não resiste! Susana pula a janela baixa.
Segue a moça.
Linda figura vestida tipicamente aos anos vinte.
Susana balbucia chamando-a pelo suposto nome: Elisa!
A moça de branco se vira, mas não vê Susana e volta ao seu choro, segue até a escola que fica bem no início da cidadela depois dela era só a estrada rural.
Atravessa o portão.
Susana em um ímpeto selvagem sobe no muro e pula para dentro.
Continua a acompanhar, a jovem fantasma.
Que chega até um canteiro ingrime no canto da escola.
Chora mais copiosamente e desaparece.
Susana fica ali ainda a tentar um contato, senta ao chão, coloca a mãos na cabeça, e o flash do astral chega e ela começa a vizualizar a cena.
Elisa a ensinar três crianças abaixo de uma árvore, lê a cartilha e elas já cansadas respondem:
- Podem ir! Vão brincar um pouco.
Ela guarda a cartilha na bolsa de couro legítima, bate a grama do vestido e se levanta.
Vai ao chão, silenciosa, finda a vida da branca moça de branco, sua cabeça encontra uma pedra,sangue e mais sangue.
Susana se assusta e volta do transe sentindo o sangue chegar aos pés e sente que está descalça.
Olha para os lados e pensa que em algum movimento dela algum alarme poderia soar resolve ficar imóvel,mas tem que ir embora, sente frio e desolação perante a recordação que acessou. Se levanta tendo coragem continua a subir o canteiro ingrime e pula o muro. Vai embora pula janela.
Sente a amiga fria por ter deixado tal aberta. Fecha cobre Carla e se deita.
Sonha! Elisa vem em seu pensamento:
- tinha tantos planos e até um noivado em vista, queria eu ter sido mãe e mulher e é por esse fogo da terra que fico, mas sei que devo partir mas uma imobilização toma conta do que é agora meu ser:
- isso é o medo, mas deve partir, a bruxa aqui te fala, logo seu corpo ou o que sobrou de verdadeiro dele, também irá se falir, deve- se se nutrir do amor de deus nas casas de apoio no reino superior, seu ser não mais pertence a terra, ouça meu conselho e se levante para a vida, não para a morte:
- Aguardava alguém como você criança, para encorajar-me
Susana acorda no colchão ao chão, despede-se de Carla até feliz pela experiência de ser amiga, combinando até a assitir um outro filme outro dia. A experiência trouxe vida renovada a bruxa.
O homem que vira lobo
Então na cidadela não poderia faltar.
O lobisomem uivava no bairro recém formado.
Mais mato que casa.
Povo estranho!
Os seres quadrados diziam.
Suzana ainda pequenina tinha medos
Medo do pai ser o lobisomem e a noite a arranha-se a culpando dos pecados do dia
E eram tantos na mente da menina
A noite trazia os medos
A cidadela toda falando
E a menina assutada da noite toma coragem de manhã
Pensa: poderia sim um ser ter tamanha conexão com a natureza e expressar seu ser mais selvagem, por um lado bom e um lado ruim
Possível a transformação?
De vampiro ela não tinha medo.
Que criança teria,medo da imortalidade? Quanto não se viu ainda as dores do mundo?
Mas de lobisomem,ah! Aí já era demais.
"Destrassalha" a carne,como pode?
O pai a chama para almoçar?
A menina da um pulo da cama, onde está se maturbava.Constata a mão peluda do pai no trinco da porta:
- Onde já se viu trancar a porta Suzana?
Não quero portas trancadas aqui.
Almoço silencioso.
Volta pro quarto sem poder trancar a porta.
Pega a coleção de pedras e o instinto da bruxa se faz presença.
Abre o círculo mágico mesmo sem saber.
Dispõe item por item escolhendo as mais bonitas.
Vamos lá ver o que é esse lobisomem!
Suzana acessa mais uma lembrança ancestral,está ela em terras aborígenes,escuta o brado forte dos índios americanos,sente a temperatura diferente em meio a vegetação não tropical, não se sente confortável.
Um ímpeto de correr a acomete, ela corre em uma velocidade extra humana, desde o início quando ainda estava no quarto a abrir o círculo ela já sentia uma presença a falar com ela em telepatia,mas sabia que não era humana.
Continuava a correr,uma luz azul clara aparece em sua frente a conduzindo,antes corria sem rumo e agora a luz a direcionava, dois lobos se juntam a ela na corrida também guiados pela luz
Susana se transforma em lobo, chegam os três seres a um largo rio, pedregoso, Susana sente o cheiro aguçado de tudo, vê tudo, sente que é capaz de atravessar o rio sem dificuldade, sente -se empoderada, ela sabia que após atravessar o rio, seria lobo por completo, só assim pra vizualizar a cena dolorosa que o ascesso iria lhe mostrar.
A tribo em festa.
A bela floresta Norte América parecia gemer de frio, como o gemido sufocado do insesto do pai e filha
O chefe da daquela oca , grita são os lobos
O ataque acontece e a justiça é feita.
Matasse o pai incestuoso.
Os lodos salvam a criança, a doce indiazinha beija seus salvadores entre sangue e honra, toda tribo sabe, a justiça foi feita.
Suzana volta a sim, perplexa. Algo rompe dentro dela, e a faz sentir o frio da floresta.
Aos poucos se sente humana novamente, uma super humana.
O pai bate a porta, ela se levanta do círculo mágico, o atravessa:
- vem almoçar!
- já vou!
Suzana agora sabe como o pai a pode fazer mal, se senti venerável e ao mesmo tempo protegida por lobos, entende sobre ética e sobre punições, regras e valores, sabe que o mal sempre ronda, assim como o instinto do lobisomem, entende que até mesmo a mais profunda conexão com seres ancestrais tem suas dosagens, que o lado animal grita em nós e nós que devemos saber ressoar com ele.
Suzana abre a porta, depois que recolheu as pedras só círculo mágico e as guardou na estante rosa.
Ela ainda sentia medo do pai, mas em uma proporção menor, sabia que psicologicamente essa fase passaria e que isso era para sua própria construção.
E sempre que o medo vinha ela lembrava dos lobos bons e justos, ferozes e protetores da lei.
Ela senta a mesa, começam os assuntos do tal lobisomem.
Suzana fala, o lobisomem é um lobo enfurecido, é um lobo mal nescessário.
Ninguém a entende mas dentro da cabecinha da bruxinha ela compreendia, aquele povo sofrido que vieram a despencar na cidadela, trazia dores ancestrais a serem curadas e a cada noite ela era remediada, pelo grito que vinha da floresta e ainda resoava no mal nescessário. O uivo do lobo é um despertar ao entendimento de que o mal existe e que deve ser dia a pós dia combatido, através da ordem social.
E que os lobisomens são foragidos da justiça que lamentam e jogam sua ira de forma equivocada. Mas também necessária para expressar de certa forma a mazela da alma.
A justiça deve sempre ser feita na lei.
E pronto acaba o almoço, e Suzana vai dormir em paz, sem trancar a porta do quarto.
Os seres pequenos
Pra todo canto contasse sobre os seres pequenos.
Suzana senta na cadeira da cozinha a tomar o café.
E termina de ouvir a estória da mãe no celular:
-Então você lembra da nossa mãe contar daquele dia no canavial.
Pois é, até mais!
Sobre o que? Pergunta Suzana a mãe.
Sobre o que? o que menina?
Ué sobre o que contava.me conte.
É causo da sua avó.
Eu acho que ela viu ets.
Ets naquela época?
Pois é, desde aquele tempo.
Sua avó vinha vindo pelo canavial, já era tarde.Ela disse que ouviu vozes entre ele, e apertou o passo, eram cochichos.
Quando de repente ela vê a luz e se esconde.
Diz que passou por ela uma "bola de fogo" eu acho que era uma nave.
E que tinham homenzinhos lá dentro da bola.
Foram embora e ela continuou seu trajeto sem fim até a casa simples ao redor do canavial.
Contou a estória pra todos, passou a mão no terço e foi rezar, antes girou três vezes a estrela de Salomão que ficava na porta de traz da nossa casa.apagou a lamparina.
E eu e suas tias não fomos dormir, por um longo tempo de medo dos homenzinhos dentro da bola de fogo.
Suzana tinha pegado a coberta pra tampar as pernas já terminava o café :
-É pode ser extraterrestres,ou os seres pequenos.
Seres pequenos?
-sim irlandeses, duendes que visitam a terra vem de reinos encantados, para tentarem equilibrar o magnetismo do planeta e evitar catástrofes "naturais".
Pensa como aquela terra era desgastada pela usina de cana, a terra já não era fertil, somente com a ajuda do Reino encantado pra trazer um pingo de esperança e equilíbrio.
-ora menina alugada você Suzana, isso foi só mais um causo de sua avó, quando um dia encontrar com um duende pergunte a ele como escolher feijão, agora vá trocar de roupa pra me ajudar aqui na cozinha.
Suzana sai a pensar, se não quiser não acredite, mas que minha avó viu ela viu.
O tempo
Nada mais assustava suzana na cidadela ou vindo dela.
O êxtase passou.
E esse livro fala de êxtase.
Suzana tenta aceitar e compreender toda essa viajem.
Tenta fazer nascer a bruxa.
Mas o parto não é fácil.
E muitas vezes abrimos mão de nossas capacidades.
O banal da vida, a maldade nas relações humanas, a guerra.
Tudo isso destrói a bruxa, a esgota e a faz desacreditar na magia.
Mas estamos falando do tempo onde nada disso incomodava Suzana.
Mas enfim chega o momento de pensar, o mundo está mesmo arruinado, a humanidade deve arder em fogo do juízo e não há fraternidade branca que resolva, a Babilônia instalada, não a bruxa que sustentará
Na tv a guerra, Suzana não entendia aquele avião batendo suicida entre as tais torres, na cidadela marido mata mulher e se mata, pai matando filhos e homicídios misteriosos.
Onde a bruxa terá força?
Suzana pensa e logo não é, a bruxa se vai a realidade a chama.
São só relações conturbadas, entre humanos conturbados.
A base da relação e da paz está entre o homem a homem,homem natureza, homem e outros reinos, onde a bruxa se encaixa?
Em nada!
Nessa sujeira mundana, a bruxa sobrevive.
Mas como?
Pensa ,pensa, Suzana num último suspiro no círculo mágico que abriu revoltadas, por entender que não pode mudar o outro e que a nuvem cinza que paira a cidadela não será dissipada por ela.
Através da imaginação!
Sussurra no ouvido da formanda bruxa.
Suzana agora entendeu.
A imaginação é potência da real magia.
Com ela potencializamos desejos inimagináveis.
No caos a bruxa cria e sobrevive, faz pulsar a última seiva e sangue da humanidade na terra.
A bruxa suspira.
A bruxa está cansada
Mas ainda sim vive.
Sobrevivendo ao lamaçal que se chama planeta terra.
Através do poder da imaginação.
Sempre é uma estória de amor
Sempre é uma estória de amor...
Um rapaz e uma jovem, apaixonados, entre uma guerra e famílias inimigas, o conto shasperkriano se repetindo nas montanhas de minas até que o jovem se torna o emboscado.
Não importa aonde sempre é uma estória de amor.
Suzana escuta o causo atentamente da varanda da casa rural, a casa da infância, as comadres conversando, sua mãe TB prestava atenção.
-Então comadre foi assim, diz que ele foi pra guerra e voltou, mas mesmo assim as famílias não aceitavam o amor dos primos, mesmo ele sendo um "pracinha". Diz que foi o tio, o pai da moça, que armou a emboscada lá na estrada da serra alí e dizem mais dizem que cortaram o rapaz em pedacinhos e o enterram nas paredes da igrejinha, mas não acredito não, mas que a igrejinha lá foi feita por causa do rapaz foi, mal assombrada desde então. A moça como sempre morreu de desgosto.
É possível morrer de desgosto?
- ah! Comadre acho que se morre sim.
Suzana corre, atravessa o terreirão de café, e sobe no pé de jambo.
Queria eu estar lá, viver lá, no pé de jambo.
Suzana olha pra serra e avista o pontinho branco.
A igrejinha
Começa uma viajem astral que a tempos vem acontecendo a bruxinha e ela embarca na onda e segue o roteiro turístico.
Vê o beijo da moça e do soldado, sente o vestido de chita da matuta, vê a guerra pelo olhar do jovem corajoso e por fim a emboscada, não o cortaram em pedacinho, mas o mataram a bala de fogo, enterram o corpo em uma cova profunda, vou Suzana o desespero dos que ficaram, viu a moça no seu último suspiro, viu o sorriso dela quando o amado foi a buscar para o além. Viu a construção da igreja.
Viu que a bala travada no corpo do defunto emanava uma fumaça escura que envolvia a igrejinha branca no alto da serra e que essa energia circulante negra atraia seres revoltados, seres animalescos e almas chorosas. Tudo ali na igrejinha branca que de branca nada tinha.
Suzana voltou para seu pé de jambo, desceu e foi se balançar no balanço amigo.
Nada mais tinha pra ver, entenderá que nada podia fazer.
Era uma estória de amor, era uma vida de revolta, era energia negra.
Término da investigação
Suzana então pensa na cidadela, pega sua bicicleta e se veste de silêncio.
A cidade nunca vai deixar de ser.
Porque o ar mórbido é potência instalada.
A magia não muda ninguém, ela potencializa o que temos.
Então o cerne é mal?
Mas se a fonte é limpa, onde ela se suja então?
Pelo caminho a fora, mas não deixa de ser limpa na fonte.
Então Suzana entende, que tem que buscar sempre a fonte.
Nasce ali uma bruxa jornalista, investigadora não do fim, mas do início.
Busca inssesante que a torna por fim, realizada e plena.
A bruxa da cidade
Antes de nascer uma bruxa, nasce o desejo da verdade, do simples e do amor ao natural.
Preservar a fonte, missão das bruxas
Entender o caminho e suas poluições missão dos humanos.
Prezar pela purificação, libertação sem julgamento, missão da real bruxa.
E você? Entra em contato com sua real bruxa?
Suzana chega em casa depois das pedaladas diárias, entra no quarto rosa ,dispõe as pedras abre o círculo, e visualiza a nuvem negra em cima da cidadela, visualiza as cabeças dos moradores e vizualizar os que queriam emanava e se conecta a nuvem negra e faziam tempestades ao seus redores e outros não, então conclui a investigação.
Somos o que amamos e o que queremos ser e nos conectar.
Cada qual suas estações.
Conclui eu sou uma bruxa, mesmo todos não vendo, eu sou uma bruxa e moro na cidadela,mas não sou a cidadela.
Sou simplesmente a bruxa ,nem de lá nem de cá,sou só a bruxa.